terça-feira, dezembro 29, 2015

O amor pode ser leve!


Todo mundo quer encontrar um amor que dure a vida toda, mas esquece que, no dia a dia, muitas vezes relacionar-se não é uma tarefa fácil. Na visão do guru brasileiro Prem Baba ("o pai do amor", como diz a tradução em sânscrito), relacionar-se pode ser a fonte de angústia de milhares de pessoas. 

O desgaste emocional das relações está tão abrangente que Sri Prem Baba resolveu usar suas experiências pessoas no livro "Amar e Ser Livre - As bases para uma Nova Sociedade" (ed. Dummar/Agir), para responder aos corações aflitos que lhe procuram em busca de ajuda. 

Em cima de suas experiências pessoais, o guru, formado em psicologia e que já estudou diversas fontes de autoconhecimento, nos alerta sobre a importância do relacionamento a dois como um dinamizador do desenvolvimento espiritual. 

Saia da zona de conforto

Permanecer em um relacionamento que perdeu a capacidade de oferecer crescimento ao casal é um erro comum. "Os casais cometem esse erro por viverem no 'piloto automático', na procrastinação. O ser humano é muito condicionado ao seu dia a dia e mudanças custam muito para acontecer. É preciso muita coragem e maturidade para mudar uma relação que traz sofrimento e dor, mas a qual estamos acostumados", alerta Armando Ribeiro. "Muitos pacientes dizem que preferem permanecer na relação doentia do que dar uma guinada, mas com o passar do tempo notamos que isso leva ao adoecimento físico e emocional. Quantas doenças que enchem os consultórios médicos não são causadas por relações tóxicas e comportamentos abusivos?", questiona o especialista.

Sri Prem Baba alerta em seu livro que, se os dois parceiros estão realmente se dedicando ao processo de autoconhecimento, é bem possível que fiquem juntos a vida toda. No entanto, às vezes, um dá um salto, o outro não. Ou por alguma razão ocorre um desencontro e a relação deixa de ser uma oportunidade mútua. Nesses casos, não tem sentido permanecer juntos. Tirando todo o romantismo, o relacionamento é uma escola em contínuo processo evolutivo. O relacionamento é um caminho, um meio, e não a estação de chegada, ensina o guru. 

ERROS DE QUEM NÃO SABE AMAR:

Pensar que o outro, de alguma forma, é propriedade nossa
Tentar respeitar o outro sem aprender a se respeitar antes
Tentar amar o outro sem aprender a se amar antes
Pensar que necessidade ou dependência do outro é amor
Pensar no amor como uma prestação de serviços
Limitar o conceito de vida a um matrimônio, se isolando de amigos, família, pessoas, lugares para se conhecer e tantas coisas para se fazer
Pensar que a vida do outro é sua vida só porque você se acomodou e abandonou seus sonhos e metas próprias para viver em função de alguém 

Fonte: Alexandre Caprio, psicólogo cognitivo-comportamental 

A complexa escolha do parceiro

Quando escolhemos parceiros, levamos em conta muito mais que aspectos sociais e culturais, incluindo padrões de beleza, valores, princípios, segurança e objetivos comuns. "Todas as nossas experiências definem a forma como nos relacionamos com o mundo e, obviamente, não consideramos todas essas experiências conscientemente ao fazer escolhas complexas como essa", argumenta o psicólogo clínico Luciano Passianotto.

Após fazer a escolha, o que muitas vezes se vê são casais perdidos em meio a cobranças, acusações, com um se fazendo de vítima, enquanto o outro em busca de um culpado. Esse ciclo é tão comum que eles nem percebem o quão mal estão se fazendo. Segundo Alexandre Caprio, cobranças, acusações e incompreensões estão mais ligadas à maneira como um espera que o outro seja. "Se, desde criança, um rapaz cresce tendo como modelos femininos mães, irmãs, tias e primas que cozinhem, lavem e passem para os homens da família, então o sujeito entrará em conflito com uma namorada que não se comporte da mesma forma.

Se, desde criança, uma moça vê os modelos masculinos de sua família traírem mulheres, ela poderá desenvolver um medo crônico de que isso aconteça com ela também - e até poderá escolher um perfil parecido sem perceber. Os modelos contidos em nossa aprendizagem podem nos levar a reproduzir as alegrias e dramas que - há muito tempo - absorvemos e definimos como relacionamento", diz.

O amor não aprisiona 

Para o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio, é possível amar de maneira construtiva. "O amor está fundamentado na admiração e no respeito que um tem pelo outro. Embora as pessoas sempre se confundam, o sentimento de posse e as ofensas estão em uma direção completamente diferente da do amor." Segundo o psicólogo clínico Luciano Passianotto, possessividade é completamente incompatível com o amor. "O que ocorre é que muitas pessoas sentem apego a outras, quase sempre por razões egocêntricas, e confundem isso com amor, simplesmente por não saberem o que realmente é amor. Se agarrar a uma pessoa ou ter medo de perdê-la é apego e não amor. Muitas pessoas pensam 'eu te amo e quero que você me faça feliz'. 

Quem realmente ama tem em mente 'eu te amo e quero que você seja feliz'. São sentimentos muito diferentes", garante. "Amor é liberdade! Quem diz que ama, mas impõe a seu parceiro a restrição da liberdade, provavelmente não ama de verdade ou ama de forma imatura e insegura. Amar é trabalhar para o outro ser inteiro e não duas metades, como já defenderam alguns autores no passado", enfatiza Armando Ribeiro, psicólogo e coordenador do Programa de Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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